“Cidade Prateada Semeada de Tejo" (2019)

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,

Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia

Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

(…) O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.

Quem está ao pé dele está só ao pé dele.”

Alberto Caeiro

O Tejo sempre foi distante para mim. Distante porque cresci a ouvir e a contemplar outros rios e caudais. No entanto, o Tejo foi palco de momentos marcantes na história da nação portuguesa, como nas navegações e nas conquistas ultramarinas. Estar perante a imensidão que o caracteriza é também poder pensá-lo, compreendê-lo e fruí-lo pelos sentidos. Porém, “quem está ao pé dele está só ao pé dele”.

É desta necessidade de contemplação que surge a ideia de fotografar várias situações na cidade de Lisboa, com uma única premissa: que o rio Tejo faça parte do plano de fundo. Gente que atenta o rio ou o horizonte, que passeia, namora, trabalha, corre.

Primeiro houve um certo interesse em admirar as pessoas que frequentam a zona beira-rio lisboeta, a forma como se dispõem num primeiro plano e o que fazem sobre ele. Depois, a tentativa de descobrir diversidade nas várias circunstâncias que encontrava, quer no assunto quer no local fotografado.

Assim, resultaram cinco fotografias onde o elemento humano é um denominador comum nas imagens e onde é atribuído ritmo perante algo que em si tem movimento, mas que permanece denso e calmo quando captado pelas nossas câmaras (o rio). Quem está ao pé do Tejo acaba por inserir-se na paisagem e a paisagem, com os seus limites físicos, transpira tranquilidade, enquanto o rebuliço da cidade fica, literalmente, para trás.

Anterior
Anterior

Unfinished (2020)

Próximo
Próximo

Dive (2019)